Com a idade, especialmente entre 30 e 50 anos, os níveis de testosterona caem lentamente, o que pode predispor os homens à gordura abdominal e, consequentemente, baixar os níveis de testosterona ainda mais (pela ação da aromatase no tecido adiposo abdominal).
A deficiência de testosterona também pode estar ligada a problemas congênitos, doenças, estresse e efeitos colaterais de certos medicamentos.
Estudos experimentais e observacionais sugerem que os esteróides sexuais apresentam uma série de efeitos sobre o cérebro e que, potencialmente, afetam o humor podendo causar e até tratar depressaõ
A diminuição contínua dos níveis séricos de testosterona e de dehidroepiandrosterona (DHEAS) no processo de envelhecimento masculino está bem documentada, sendo que baixos níveis de testosterona têm sido associados a uma variedade de sintomas, tais como:
- a redução da massa muscular
- baixa densidade mineral óssea
- diminuição da libido, do desempenho sexual, bem-estar e função cognitiva,
- aumento de distúrbios do humor e depressão
Em 2009, o National Institute of Health dos Estados Unidos deu início a um amplo estudo sobre os efeitos do tratamento de reposição de testosterona em homens acima de 65 anos. Os primeiros resultados, no entanto, devem ser divulgados somente em junho de 2015.
Estudos preliminares sugerem que a testosterona melhora o humor quando utilizada de forma isolada ou em associação com o estrógeno. Os resultados de um estudo apresentado no Congresso Europeu de Obesidade de 2012 sugerem que homens obesos com mais idade podem perder peso com suplementos de testosterona. Com os níveis de testosterona normalizados, os homens perderam uma média de 16 kg após cinco anos.
Para o médico Farid Saad, principal autor do estudo, essa descoberta ocorreu por acaso. Os homens estudados receberam o hormônio devido a deficiências, que causavam sintomas como disfunção erétil, fadiga e falta de energia.
“Quando analisamos os dados, descobrimos que eles perdiam peso a cada ano. Isso pode ter ocorrido porque a reposição de testosterona aumentou os níveis de energia e gerou uma mudança de comportamento, tornando-os mais ativos”, relata Saad.
A pesquisa contou com 115 homens obesos de 38 a 83 anos com baixo nível de testosterona. Eles receberam injeções de hormônio a cada 12 semanas. O estudo não detectou nenhum risco aumentado de câncer de próstata, efeito colateral que já foi identificado em outros trabalhos.
Wang e colaboradores investigaram os efeitos da terapia de reposição de testosterona sobre o estado afetivo de 51 homens com hipogonadismo. O tratamento foi associado com o declínio nos escores de Likert, escala de classificação associada com raiva, irritabilidade, tristeza, cansaço e nervosismo. Também houve melhorias significativas no nível de energia, simpatia e sensação de bem-estar. Da mesma forma, a administração de dehidroepiandrosterona (30 a 90 mg/dia) para 3 homens e 3 mulheres durante 4 semanas produziu uma redução significativa nos escores do Inventário de Depressão de Beck , Escala de classificação de Hamilton e Escala Global de Depressão.
Seidman e Rabkin relataram os resultados de reposição de testosterona (400 mg) durante 8 semanas em cinco homens que eram refratários ao tratamento antidepressivo com inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) . A introdução de testosterona foi associada com a rápida recuperação de depressão clínica. Há também estudos que afirmam que os andrógenos podem modular certos aspectos da função cognitiva.
Em ratos idosos, ocorreu melhora da memória para tarefas após a administração subcutânea de DHEAS (Flood e Roberts, 1988). Sugere-se que essa melhora da memória deva-se à conversão da DHEA em estrogênios, no SNC, pois estes últimos sabidamente melhoram os níveis de memória (Mohan, 1989). Achado interessante para reforçar essa hipótese foi o de Sunderland et al. (1989) que demonstraram níveis reduzidos de DHEA em pacientes com doença de Alzheimer em relação ao grupo controle.
Janowsky et al. avaliaram 27 indivíduos idosos saudáveis que usaram patches de 15 mg de testosterona por 3 meses e compararam seu desempenho cognitivo com o de 29 controles saudáveis que usaram patches de placebo patch para o mesmo período de tempo. Avaliação neuropsicológica incluiu tarefas de memória tardia, reprodução visual, design de bloco, e tomada de trilha. O tratamento com testosterona aumentou cognição espacial, tal como medido pelo teste de blocos. Outros estudos também têm demonstrado que existe uma relação curvilínea entre os níveis de testosterona e habilidades visuoespaciais em humanos – níveis baixos e altos estão associados com baixas performances.
Em outro estudo publicado no periódico científico Arquivos de Neuro-Psiquiatria, o pesquisador do Departamento de Psiquiatria e Ciências do Comportamento da University of Western Australia, Dr. Osvaldo P. Almeida, concluiu que os androgênios parecem modular vários aspectos do funcionamento mental e que a terapia de modulação hormonal passará a ter um papel central para a manutenção da saúde física e mental de pessoas nos próximos anos.
Um grande número de médicos defende os benefícios do tratamento no combate ao envelhecimento. Eles vêm oferecendo terapias de reposição hormonal a pacientes que se queixam de fadiga, de dificuldades para perder peso, de concentração e de redução da libido. Entre eles está o Dr. Lionel Bissoon, que ficou conhecido por desenvolver um tratamento para celulite e atualmente administra um programa de modulação hormonal para homens e mulheres em sua clínica em Nova York.
“As maiores queixas dos homens são fadiga, cansaço e dificuldades de concentração. Alguns reclamam de dores musculares. Muitos não têm interesse em sexo. Alguns sentem que não são mais quem costumavam ser”, afirma o médico. O médico conta que, após uma bateria de exames, o paciente pode iniciar o tratamento. A reposição hormonal pode ser feita por meio de injeções, adesivos ou via oral, sendo necessário que ele passe por um acompanhamento periódico pelo seu médico e seja submetido a exames regularmente.
No Brasil, a testosterona é empregada na forma injetável intramuscular, assim como por meio de géis e adesivos cutâneos. As injeções intramusculares disponíveis no país podem ser aplicadas com intervalos de três semanas ou três meses, enquanto as aplicações em géis ou adesivos devem ser usadas diariamente. Em 2013, uma nova opção para quem precisa repor a testosterona foi aprovada pelo Food and Drug Administration dos EUA (FDA), em 2010, país onde ele já está disponível. Trata-se de uma solução tópica, que estará em nossas farmácias em breve. A aplicação é simples, indolor e de fácil introdução no hábito diário, já que basta espalhar solução sobre a pele das axilas, como se fosse um desodorante.
Apesar dos progressos, deve-se salientar que a reposição hormonal masculina não é isenta de riscos. Quando bem indicada, isto é, se houver carência de fato, a testosterona pode restabelecer a libido, a ereção, a massa muscular, a massa óssea, os pelos corporais e etc. Dessa forma, a modulação de testosterona masculina é importante por trazer melhora significativa da qualidade de vida e da saúde dos homens que sofrem desse problema, mas é evidente que o acompanhamento médico é essencial, a fim de garantir tanto o sucesso, quanto a segurança do tratamento.
FONTES:
Almeida, O. Sex playing with the mind: effects of oestrogen and testosterone on moon and cognition. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 57, n. 3A, Sept. 1999.
Janowsky, J.S, Oviatt, S.K, Orwoll, E.S. Testosterone influences spatial cognition in older men. Behav Neurosci (1994) 108:325-332.
Mohan, P.F. Dehydroepiandrosterone and Alzheimer’s disease. Lancet (1989) 28:1048-9.
Ponholzer, A. et al. Serum androgen levels and their association to depression and Alzheimer dementia in a cohort of 75-year-old men over 5 years: results of the VITA study. International Journal of Impotence Research (2009) 21; 187–191
Rosa e Silva, A.C.J.S.; Silva de Sá, M.F. Efeitos dos esteróides sexuais sobre o humor e a cognição. Rev. Psiq. Clín. 33 (2006); 60-67.
Seidman, S.N., Rabkin, J.G. Testosterone replacement therapy for hypogonadal men with SSRI-refractory depression. J Affect Disord (1998) 48:157-161.
Wang, C. et al. Testosterone replacement therapy improves mood in hypogonadal men — a clinical research center study. J Clin Endocrinol Metab (1996) 81:3578-3583.
Malkin CJ, et al. Testosterone therapy in men with moderate severity heart failure: a double-blind randomized placebo controlled trial. Eur Heart J. 2006 Jan; 27(1): 57—64.
Marks LS, et al. Effect of testosterone replacement therapy on prostate tissue in men with late-onset hypogonadism: a randomized controlled trial. JAMA 2006 Nov 15; 296: 2351—2361.
Shores MM, et al. Low serum testosterone and mortality in male veterans. Arch Intern Med. 2006 Aug 14-28; 166(15):1660—1665.
Travison TG, et al. The relative contributions of aging, health, and lifestyle factors to serum testosterone decline in men. J Cli Endocrinol Metab. 2007 Feb; 92(2): 549—555.
3 respostas
Dr. Roberto, por favor: níveis de testosterona a 2,47 ng/mL (variando ao máximo de 3,10 ng/mL) podem ser causa de depressão moderada a grave e refratária a antidepressivos, e também causa de disfunção erétil com má resposta a inibidores de PDE5? tenho 39 anos. Obrigado!
Gostaria de dialogar com pessoas que já fizeram uso da reposição com testosterona, pois estou iniciando com indicação do meu urologista, melhoras em diversas áreas mas a principal queixa a baixa memória ainda não conseguir vencer, mas como relatei estou iniciando já com seis meses de uso. Meu amigo, gostaria de saber sua idade, seus níveis de testosterona e quais as melhoras ocorridas. Apesar de não ter resolvido meu problema recomendo a meus amigos. Tenho 51 anos e com uma baixa testosterona de 230 ng/, já com sinais de depressão, insonia, fadiga, grande tristeza, enfim tudo de ruim. Meu amigo fale de você no meu E-mail. Aguardo.