Anticoncepcional Hormonal (pílula) , Massa muscular e Performance Física na Mulher

Nos últimos 20 anos o número de mulheres atletas tem aumentado consideravelmente.

A participação feminina cresceu cerca de 600% abrangendo um total de mais de 1,9 milhões de mulheres atletas.

Apesar do grande aumento do número de mulheres no esporte, é escassa a literatura sobre aspectos anatômicos, psicológicos e principalmente hormonais que afetam o desempenho das mulheres praticantes de exercício físico.

Os benefícios da atividade física são comprovados em ambos os sexos, porém, a mulher apresenta aspectos próprios que incluem variações no perfil hormonal (inclusive por uso de contraceptivos orais), incidência de afecções próprias ao gênero, além das respostas fisiológicas e orgânicas ao exercício.

Pesquisas realizadas identificam potencial para variação no desempenho aeróbico, capacidade anaeróbia, potência anaeróbia e força reativa ao longo do uso de contraceptivo oral.


ANTICONCEPCIONAL ORAL E   PERFORMANCE FÍSICA:

Um trabalho de Medeiros e colaboradores, da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas, procurou verificar efeitos dos contraceptivos hormonais sobre o grau de força muscular e na composição corporal de mulheres jovens atletas.

Participaram desse estudo 12 mulheres jovens adultas com idade superior a 18 anos, atletas de voleibol, que participavam ativamente de treinos e competições.

As atletas do grupo GCO usavam contraceptivos orais de terceira geração há pelo menos 5 anos e as do grupo GNCO utilizavam a camisinha como método contraceptivo. Os resultados mostraram que em relação a composição corporal, as atletas do grupo GCO ( com anticoncepcional) apresentaram medidas de dobras cutâneas, circunferência corporal, percentual de gordura e peso mais elevados do que as atletas do grupo GNCO ( com camisinha)


O anticoncepcional hormonal oral diminui a quantidade de testosterona livre já que estimula a produção pelo fígado de uma proteína chamada de Globulina Ligadora de Hormônio Sexual (SHBG).

Esta proteína se liga de forma muito intensa à testosterona diminuindo sua forma ativa, a forma livre, o que influencia na performance física, ganho de massa muscular e queima de gordura.

Os níveis de SHBG em usuárias de pílulas costumam ser tão altos que o laboratório precisa fazer duas vezes o mesmo exame para chegar a um resultado.

Outras formas de anticoncepcionais hormonais, que não sejam orais, não elevam a SHBG da mesma forma, mas também podem causar um estado de deficiência hormonal em mulheres, acarretando problemas sexuais e de composição corporal.

Esta situação ocorre tanto nas usuárias de pílula como nas mulheres que fazem reposição hormonal na menopausa com hormônios tomados por via oral.

A redução da testosterona livre pode ocasionar um estado de deficiência que se manifesta na diminuição da libido, bem-estar, energia, humor, perda de massa muscular e óssea.

Seu déficit dificulta o processo anabólico, podendo ocorrer o contrário do que desejamos – o catabolismo (dificuldade em manter massa magra, muscular), apresentando ainda ganho maior de gordura e até redução da massa óssea.


PÍLULAS E REDUÇÃO DE TESTOSTERONA:

Um estudo realizado por pesquisadores ingleses examinou a testosterona salivar (T) e cortisol (C) em mulheres jogadoras de hóquei de elite, em 4 atividades (treinos leves e pesados, competições amistosas e internacionais).

Os resultados confirmam que o uso de contraceptivos orais reduz os níveis de T em mulheres atletas ao mesmo tempo reduzindo as respostas T e C para as atividades de treino e competição dentro do ambiente esportivo.

A reposição de testosterona em mulheres fora da menopausa com sinais e sintomas de déficit deste hormônio como perda de massa muscular, cansaço e baixa resposta sexual deve ser ´prescrita por médicos.

Apesar de controverso muitos profissionais já indicam este tipo de tratamento , tendo em vista a literatura existente .

Deve se atentar aos efeitos colaterais primários em geral reversíveis com ajuste de dose, como por exemplo queda de cabelo, acne e aumento de pelos pelo corpo. Além disso, contra- indicações do uso devem ser analisadas além de exames laboratoriais e avaliação ginecológica e cardiológica previas.

Os efeitos colaterais secundários como masculinização de face, alteração de voz e aumento de clitóris costumam ser vistos em mulheres que usam doses elevadas e sem acompanhamento profissional e que mesmo apresentando os efeitos primários insistem no uso.

A forma mais prática para se evitar os prejuízos que o anticoncepcional traz aos resultados dos treinos, é através do uso de suplementos naturais que levem ao aumento da testosterona livre no organismo, a prática de exercícios de alta intensidade como musculação e melhora do estilo de vida.

A troca do anticoncepcional hormonal por DIU de cobre, prata,  Mirena  ou camisinha podem ser a solução deste problema em mulheres jovens


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[sc_fs_faq html=”true” headline=”h2″ img=”” question=”Anticoncepcionais engordam?” img_alt=”” css_class=””] Como a maioria das pílulas hormonais bloqueiam testosterona, DHEA e diminuem o GH, podem favorecer perda de massa muscular e ganho de gordura o que eleva a percentual de gordura. [/sc_fs_faq]

[sc_fs_faq html=”true” headline=”h2″ img=”” question=”Qual anticoncepcional hormonal não engorda?” img_alt=”” css_class=””] Considerando que o DIU Mirena é o que não altera em nada o perfil hormonal , ele seria o que menos impacta na capacidade de queimar de gordura [/sc_fs_faq]


Referências:

· Effect of the different phases of the menstrual cycle and oral contraceptives on athletic performance. Sports Med. 1993 Dec;16(6):400-30.

· Athletic performance and the oral contraceptive. Rechichi C1, Dawson B, Goodman C. Int J Sports Physiol Perform. 2009 Jun;4(2):151-62.

· Effects of oral contraceptive use on the salivary testosterone and cortisol responses to training sessions and competitions in elite women athlete. Blair T. Crewthera, Dave Hamiltonb, Kathleen Castoc, Liam P. Kilduffd, Christian J. Cooka.

· Higher Serum Free Testosterone Concentration in Older Women Is Associated with Greater Bone Mineral Density, Lean Body Mass, and Total Fat Mass: The Cardiovascular Health Study. Chevon M. Rariy, Sarah J. Ratcliffe, Rachel Weinstein, Shalender Bhasin, Marc R. Blackman, Jane A. Cauley, John Robbins, Joseph M. Zmuda, Tamara B. Harris, and Anne R. Cappola

· Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. Arq Bras Endocrinol Metab vol.49 no.2 São Paulo Apr. 2005

· Insuficiência androgênica na mulher e potenciais riscos da reposição terapêutica. Lenora M.C.S.M. Leão; Mônica P.C. Duarte; Maria Lucia F. Farias

· Terapêutica Androgênica Feminina. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Elaboração Final: 10 de outubro de 2011 Strufaldi R, Steiner ML, Pompei LM, Fernandes CE, Simões R

 

Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

33 respostas

  1. Uso pílula mas por diversas razões estou procurando alternativas. Minha médica indicou o injetável mensal Cyclofemina, gostaria de saber mais sobre ele. Encontrei mais informações aqui http://cyclofemina.com.br/. Será que ele também influencia na performance? Grata.

  2. Dr., existe algum contraceptivo hormonal que não afete tanto os níveis de testosterona como os orais? Quais as melhores opções?

  3. Estou procurando há meses quem coloca o Chip de Gestrinona,vocês por acaso fazem esse tipo de implante?
    Desde já,obrigada!

  4. Doutor, pílula anticoncepcional eleva os níveis de shbg pois passa pelo fígado. Já os injetáveis não passa pelo fígado então não eleva os níveis de shbg. Então o injetavel teria menos efeitos na testosterona livre, já que este não iria se ligar de forma intensa ao shbg? Então, anticoncepcional oral tem mais efeitos que p injetável nesse quesito de testosterona?

  5. Olá. O anticoncepcional Belara que é composto de clormadinona, afeta também a Testosterona consequentemente o ganho de massa muscular?

  6. Dr, fiz exames hormonais por ter apresentado micropilicistos nos ovários, apesar de não ter os sintomas da síndrome. Acontece que o SHBG está em 172… Isso é muito alto?? Faço uso do anticoncepcional Tantin, que é de baixíssima dosagem, há três meses.

  7. Por favor não me responda com “procure seu médico”, nao tenho condições financeiras de pagar um profissional bom, e vou naquela clinica que posso pagar. eu pratico musculação e faço dieta, tenho musculos bem definidos e que sao importantes pra mim, meu ultimo exame de US acusou cisto ovariano grande em limite cirurgico, o medico receitou anticoncepcional Gracial para diminuir, ja li estudos cientificos que anticoncepcional atrapalha os ganhos de massa magra, quero saber qual a substancia hormonal dos anticoncepcionais que não sejam antiandrogena, por favor me ajude, ninguem sabe me responder

  8. Com base no seu vídeo, quais os exames hormonais que devem ser feitos em uma mulher que nunca fez exames hormonais e tomou anticoncepcional por mais de 15 anos?

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Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

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