Será que a mutilação é a única forma de se prevenir do câncer de mama?

 

A revelação da atriz Angelina Jolie ao jornal The New York Times, de que removeu os dois seios para diminuir o risco de desenvolver câncer de mama no futuro, provocou polêmica. Angelina sem estar doente, se submeteu à cirurgia após um teste genético indicar que ela carrega um gene que faz com que suas chances de ter câncer de mama e de ovário sejam maiores do que as das mulheres que não o possuem (cerca de 87% de chances de desenvolver a doença. Com a operação esse número caiu para 5%). Mas será que a retirada total de seios perfeitamente saudáveis foi uma escolha razoável?

É preciso deixar claro, que esse procedimento é recomendado apenas para um grupo selecionadíssimo”, ressalta Maria do Socorro Maciel, mastologista do A. C. Camargo (hospital do câncer). Esse grupo seria das pessoas com alto risco de desenvolver a doença, que são aquelas que apresentam histórico familiar de pelo menos duas pessoas e o gene BRCA1 [7]. Mas atualmente é aceito que não basta ter o gene para desenvolver determinada doença e que a mastectomia não é a única arma para evitar o câncer de mama.

Existem terapias hormonais que podem diminuir em até 70% os riscos, ressalta Dr. Diógenes Basegio, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia. Hormonioterapia é o nome dado a este tratamento que se vale de uma interferência na produção dos hormônios ou no efeito destes sobre as células tumorais. Esse tipo de tratamento age em todo o organismo, é recomendado nos casos de câncer de próstata, mama e endométrio, sendo realizado de maneira paralela ou sequencial a outras modalidades de terapia.

A quimioprevenção, por meio dos alimentos funcionais, emerge como um promissor instrumento no controle do câncer de mama, através de mecanismos de ação antitumorais, antioxidantes, antiinflamatórios, dentre outros. A nutrição funcional e a medicina ortomolecular utilizam substâncias naturais para prevenir o câncer de mama, como a vitamina D que previne cerca de 5 tipos de câncer, incluindo câncer de mama e o Indol-3-Carbinol (I3C), um fitonutriente sulfuroso encontrado nos vegetais crucíferos, como brócolis, couve-flor e couve de Bruxelas.

Efetivamente, de todos os vegetais comestíveis para os humanos, os legumes crucíferos são provavelmente aqueles que contêm a maior variedade de moléculas fitoquímicas com propriedades anticâncer. Além de vários polifenóis encontrados em outros alimentos protetores, que apresentaremos depois, os legumes crucíferos possuem também a característica de conter altas concentrações de um grupo de compostos chamados glicosinolatos (Quadro 8). A prevenção do câncer pela alimentação não está diretamente ligada a essas moléculas, mas, antes, à sua propriedade de poder liberar duas classes de compostos que possuem uma atividade anticancerígena muito alta, os isotiocianatos e os indóis.

Os indóis em contato com o ácido gástrico, ele se condensa e forma diversos produtos, entre eles, o 3,3’-diindolilmetano (DIM), que possui ação comprovadamente preventiva contra o câncer por aumentar a apoptose e parar o ciclo celular de linhagens tumorais. O Indol-3-Carbinol tem uma forte ação antineoplásica, principalmente no câncer da mama, ovários e da próstata, pela inibição da 16-alfa hidroxi-estrona, um tipo de estrogênio que causa danos no DNA e inibe a apoptose (morte celular programada) das células cancerígenas, provocando uma proliferação destas células tumorais podendo gerar metástases.

O Indol-3-Carbinol mantém também o balanço estrogênio/testosterona equilibrado, sendo por isso fundamental para o sistema endócrino tanto da mulher como do homem. Nas mulheres que sofrem de síndrome pré-menstrual, o I3C ajuda a manter a testosterona na sua forma ativa livre, que favorece uma melhora na libido e no humor. É ainda um potente antioxidante.

 

Os vegetais crucíferos aumentam a chance de sobrevivência de mulheres com câncer de mama, de acordo com um estudo que contou com informações de chinesas diagnosticadas com a doença entre 2002 e 2006. Os pesquisadores acompanharam cerca de cinco mil pacientes por cinco anos depois de descobrirem a enfermidade. Constataram que, quanto mais vegetais crucíferos consumiam durante os primeiros três anos, menor era a probabilidade de morrer.

Com o aumento da ingestão dos vegetais, o risco de morrer de câncer de mama caiu entre 22% e 62%. A possibilidade de recorrência da doença diminuiu entre 21% e 35%. “O nível de compostos bioativos, como isotiocianatos e indóis, que desempenham um papel nos efeitos antitumorais dos crucíferos, depende da quantidade e do tipo de vegetal consumido”, disse a líder do estudo, Dra. Sara Nechuta, da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. A cientista acrescentou que são necessários outros testes para avaliar os níveis dos compostos bioativos em cada alimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Batistuzzo, J.A.O., Eto Y., Itaya M. – Formulário Médico-Farmacêutico, Tecnopress, 3ª edição, 2006.
2. P.R. Vade-mécum Brasil. 2005/2006

3. http://www.nutrilogia.com/shop/br/indole-3-carbinol-equil.html

4. http://www.abcpharmus.com.br/indol-3-carbinol-i3c-100mg-p144#referencias_bibliograficas

5. http://mdemulher.abril.com.br/saude

6. http://www.nytimes.com/2013/05/14/opinion/my-medical-choice.html?hp&_r=1&

7. http://www.youtube.com/watch?v=SSAQtvSeyd4

8 –http://milenar.org/2010/12/31/as-celulas-cancerosas-detestam-couve/

Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

4 respostas

  1. Por favor Dr. Roberto gostaria de saber se um carcinoma lobular in situ pode ser tratado de forma a não evoluir p um tumor. Pq os mastologistas sempre recomendam a cirurgia.

  2. Por favor de. Roberto irei fazer uma laparoscopia diagnóstica daqui uma semana e ao me examinarem ginecológica mente eles faziam o toque e falavam muito a palavra DIM, já tive neoplasia maligna de ovário o de. Pode me dizer o que significa DIM? Obrigado desde ja.

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Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

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