Os estudos neuroendócrinos são parte de uma série de estudos para testar as hipóteses de que:
1) A atividade do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal pode estar reduzida na fadiga crônica e
2) Baixas doses de hidrocortisona podem melhorar os sintomas.
1) Foram medidas as repostas de ACTH e cortisol ao CRH humano, teste de estresse por insulina e d-fenfluramina em 37 pacientes sem uso de medicação com síndrome de fadiga crônica, porém sem desordens psiquiátricas e em 28 indivíduos controles saudáveis. Também foi medido o cortisol livre na urina de 24h em ambos grupos. Todos os pacientes (n = 37) tinham alteração no teste hipofisário (CRH humano) e alteração no teste hipotalâmico [ou teste de estresse por insulina (n = 37) ou d-fenfluramina (n = 21)]. A concentração inicial de cortisol foi significativamente aumentada no grupo com fadiga crônica somente pelo teste CRH. Concentrações iniciais de ACTH não diferiram entre grupos em qualquer teste. Resposta do ACTH ao CRH humano, teste de estresse com insulina e d-fenfluramina foram similares para os grupos pacientes e controle respostas de cortisol ao teste de estresse com insulina e TH não diferiram entre os grupos, porém houve uma tendência para resposta do cortisol tanto a CRH humano e d-fenfluramina ser menor no grupo de fadiga crônica. Estas diferenças foram significativas, quando respostas de ACHT foram controladas.
Cortisol livre urinário foi menor no grupo de fadiga crônica, comparado a indivíduos saudáveis. Estes resultados indicam que resposta do ACTH a alterações hipofisárias e hipotalâmicas estão intactas na fadiga crônica e não apoiam achados prévios de resposta central reduzida na função do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal ou a hipótese de secreção anormal de CRH em fadiga crônica. Estes dados sugerem que o hipocortisolismo encontrado na síndrome de fadiga crônica pode ser secundário a redução no débito da glândula adrenal e é por isso que tal patologia poderia ser chamada de “Fadiga Adrenal”.
2)Trinta e dois pacientes foram tratados com regime de baixa dose de hidrocortisona em um estudo cruzado duplo-cego, controlado por placebo, com 28 dias em cada tratamento. Eles repetiram o cortisol urinário de 24h, teste de CRH humano, teste de estresse com insulina, tanto da droga ativa quanto do placebo. Observando todos os indivíduos, o cortisol urinário de 24h foi maior, após tratamento com a droga ativa comparada com placebo, porém cortisol às 09:00h e respostas de ACTH e cortisol ao CRH humano e o teste de estresse com insulina não diferiram. Entretanto, um efeito diferencial foi observado nos pacientes que responderam ao tratamento ativo (definido como redução na fadiga para o nível médio da população ou menor). Neste grupo, houve aumento significativo na resposta do cortisol ao CRH humano, o qual reverteu o bloqueio de resposta previamente observado nestes pacientes. O trabalho conclui que a melhora na fadiga observada em alguns pacientes com síndrome de fadiga crônica com uso de hidrocortisona é acompanhado por reversão da resposta bloqueada do cortisol ao CRH humano.
Leia mais em http://www.robertofrancodoamaral.com.br/blog/envelhecimento/fadiga-adrenal
Tratamento da síndrome de fadiga crônica e Fibromialgia com D-Ribose – Um estudo aberto, multicêntrico
A Síndrome de Fadiga Crônica e de Fibromialgia (CFS/FMS) são síndromes debilitantes que afetam cerca de 2 a 4% da população. Embora sejam condições heterogêneas associadas a muitos gatilhos, elas parecem ter em comum a patologia de estarem associadas ao metabolismo de energia prejudicado.
Como a D-ribose demonstrou aumentar a síntese de energia celular e também melhorar significativamente os resultados clínicos na CFS/FMS em um estudo anterior, pesquisadores americanos do Hawaii e do Texas, testaram a hipótese que a administração de D-ribose melhoraria as funções nos pacientes de CFS/FMS.
Para isto, realizaram um estudo aberto, em que 53 clínicas dos EUA matricularam 257 pacientes que tiveram um diagnóstico de CFS/FMS, emitido por um profissional de saúde. Todos os indivíduos receberam D-ribose (Corvalen™), uma pentose de ocorrência natural, na dose de 5 g, três vezes ao dia, durante 3 semanas.
Todos os pacientes foram avaliados na linha de base (1 semana antes do tratamento) e após 1, 2 e 3 semanas, usando um Escala Analógica Visual (1-7 pontos) de classificação de energia, sono, função cognitiva, dor e bem-estar geral.
Dos 257 pacientes matriculados inicialmente, 203 completaram o teste de tratamento de 3 semanas. O tratamento com D-ribose levou a melhorias, tanto estatisticamente (p <.0001) quanto clinicamente importantes em todas as categorias:
- Aumento de 61,3% em energia
- Aumento de 37% no bem-estar geral
- Melhoria de 29,3% no sono
- Melhoria de 30% na clareza mental
- Diminuição de 15,6% na dor
A melhorias começaram na primeira semana de tratamento e continuaram a aumentar no final das 3 semanas de tratamento. Além do mais, a D-ribose foi bem tolerada pelos pacientes. Os pesquisadores concluíram que, neste estudo multicêntrico, a utilização da D-ribose resultou em níveis de energia, sono, clareza mental, bem-estar e alívio da dor nitidamente melhorados em pacientes com fibromialgia e síndrome da fadiga crônica.
A suplementação com ubiquinol-10 melhora a função nervosa autonômica e a função cognitiva na síndrome da fadiga crônica.
O objetivo de um estudo realizado por pesquisadores japoneses e publicado em 2016 foi avaliar o benefício da suplementação oral de ubiquinol-10 (forma reduzida da coenzima Q-10) em pacientes com SFC usando um estudo aberto e um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo (RCT). Vinte pacientes com SFC foram selecionados aleatoriamente para um estudo aberto de 8 semanas de ubiquinol-10 (150 mg de ubiquinol-10/dia). Tanto os pacientes quanto os médicos atendentes conheciam o tratamento. No outro estudo, quarenta e três pacientes com SFC foram aleatoriamente designados para receber tanto ubiquinol-10 (150 mg / dia) quanto placebo todos os dias durante 12 semanas. Os pacientes e os médicos atendentes não conheciam o tratamento que cada paciente iria receber e um total de 31 pacientes (N = 17 no grupo ubiquinol-10 e 14 no grupo placebo) completaram o estudo. Os efeitos benéficos do ubiquinol-10 foram observados no estudo aberto realizado antes do RCT. Os resultados do RCT indicam que a suplementação com ubiquinol-10 por 12 semanas é eficaz para melhorar vários sintomas de SFC.
Secreção urinária de cortisol livre em agressores habitualmente violentos
Os homens infratores violentos (n = 90) e os incendiários residenciais (n = 10) foram investigados por medições urinárias (24 h) do cortisol livre, em um exame mental realizado para um estudo psiquiátrico. As medições foram feitas com um radio-ensaio de ligação competitiva à proteína. Apenas entre os agressores habitualmente violentos com personalidade anti-social é que foram encontrados os valores baixos de cortisol livre, quando comparados com outros infratores violentos, com os de personalidade anti-social sem a tendência habitualmente violenta e com o pessoal da clínica masculina. A baixa motivação já na escola, o absentismo escolar, o déficit de atenção e problemas de desordem de conduta agressiva pareciam estar relacionados com os baixos níveis de cortisol.
Vários estudos farmacológicos têm apoiado o papel estimulador postulado dos neurônios da serotonina cerebral na regulação hipotalâmica das funções adrenocorticais pituitárias em animais laboratoriais. O fator hipotalâmico de liberação da corticotropina (CRF), que regula a secreção de ACTH, é parcialmente regulado pela serotonina. O precursor de serotonina 5-HTP, os inibidores da absorção de serotonina, os liberadores de serotonina e os agonistas de serotonina de ação direta elevam os níveis séricos de corticosterona em ratos. Também no homem, o 5-HTP aumenta a ACTH plasmática e o cortisol.
Aumentos do cortisol e ACTH após administração oral de L-triptofano também foram relatados. Os agentes anti-serotonina, metergolina e ciproheptadina, inibem a secreção de ACTH induzida por metyrapone e a secreção de cortisol estimulada pela hipoglicemia por insulina. Aqueles que têm uma personalidade anti-social ou um transtorno explosivo intermitente e estão inclinados a impulsividade e violência habituais têm baixo metabolismo da serotonina no cérebro e, portanto, baixa concentração de 5-HIAA (ácido 5-Hidroxi-indoleacético) no líquido cefalorraquidiano. Os achados preliminares indicam ainda que os valores plasmáticos de cortisol no estresse podem ser baixos entre os agressores habitualmente violentos com comportamento do tipo psicopático.
Nestas bases, foi formulada uma hipótese de que essas personalidades têm secreção de cortisol abaixo do normal. O cortisol é excretado na urina principalmente como glucuronídeos e como conjugados de sulfato. Quando o cortisol plasmático excede a capacidade de ligação da transcortina, o cortisol livre é excretado na urina. Como o estresse de curto prazo e as flutuações diárias no cortisol sérico não afetam as determinações do cortisol livre urinário, este foi selecionado como variável de teste.
REFERÊNCIAS
Hypothalamo-pituitary-adrenal axis dysfunction in chronic fatigue syndrome, and the effects of low-dose hydrocortisone therapy. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism Vol. 86, No. 8 3545-3554, 2001
Treatment of Chronic Fatigue Syndrome and Fibromyalgia with D-Ribose– An Open-label, Multicenter Study
https://benthamopen.com/contents/pdf/TOPAINJ/TOPAINJ-5-32.pdf
Ubiquinol-10 supplementation improves autonomic nervous function and cognitive function in chronic fatigue syndrome.
2 respostas
Boa tarde, gostaria de alguma indicação de médico na cidade de São Paulo que eu pudesse consultar para analisar quadro de fadiga adrenal?
Dra Nina Sobral, Dra Julia Gouveia ou Dra Dayse Caldeira