Atualmente, a recomendação do Ministério da Saúde é a de fazer testes apenas em casos graves de pessoas com suspeita de coronavírus e profissionais de saúde e segurança com sintomas respiratórios. Mas por que não realizar o exame em qualquer um que apresente tosse, febre e coriza?
A Anvisa aprovou, nesta segunda-feira (23/3), três novos testes para detectar o Covid-19. Com isso já são 11 os testes aprovados pela Agência para aumentar a capacidade de diagnóstico do vírus no Brasil.
Entre os novos produtos aprovados dois são ensaios moleculares, do tipo PCR, que têm um alto grau de precisão.
O terceiro é um novo teste rápido que faz a detecção de anticorpos, ou seja, que utiliza uma pequena amostra de sangue para a detecção.
Dos 11 testes aprovados até o momento no Brasil, nove são do tipo rápido, com resultados em cerca de 15 minutos, e dois são do tipo molecular.
Confira a publicação dos novos testes no Diário Oficial da União:
- Anti COVID-19 IgG/IgM Rapid Test
- Família Kit de Detecção por PCR em Tempo Real VIASURE SARS-CoV-2
- Família cobas SARS-CoV-2
Uma pessoa pode testar negativo e posteriormente testar positivo para COVID-19?
Nos estágios iniciais da infecção (sem sintomas), é possível que o vírus não seja detectado. Contudo, um resultado negativo para amostras coletadas enquanto uma pessoa apresenta sintomas, provavelmente significa que o vírus COVID-19 não está causando a doença atual.
O plano de saúde cobre o teste para o coronavírus?
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu que este teste deve ser coberto pelos convênios. Existem negociações pontuais sendo realizadas entre prestadores de serviço e laboratórios, mas a maioria dos acordos já foram acertados. Então, boa parte dos indivíduos que possuem convênio vão conseguir fazer o exame do coronavírus por meio desse serviço. Evite tempo de espera na Central de Atendimento consultando com antecedência sua operadora de saúde sobre a cobertura deste exame.
Posso ir diretamente ao laboratório e solicitar o teste?
Não. O teste só poderá ser feito mediante o encaminhamento médico. O profissional de saúde precisa avaliar o paciente, constatar que ele apresenta indicação clínica e solicitar a realização do teste.
Os testes são feitos apenas em hospitais privados ou os públicos também atendem a essa demanda?
Diversos hospitais do sistema público e privado, além de centenas de laboratórios de análises clínicas do Brasil já coletam o teste.
·Como é feito o teste? O procedimento é demorado?
O procedimento de coleta do teste é rápido e simples. Com hastes flexíveis chamadas de swabs, o profissional de saúde colhe três amostras de secreção: uma da narina direita, outra da esquerda e, por fim, da mucosa da garganta. É fundamental que o profissional que estiver fazendo a coleta utilize todos os equipamentos de proteção, como luvas, óculos, avental e máscaras. Depois disso, o material é encaminhado aos laboratórios de análise.
·Em quanto tempo o paciente recebe o resultado e diagnóstico?
O tempo de entrega dos resultados varia de laboratório para laboratório. Alguns disponibilizam em até 24h, outros em até sete dias. É importante ressaltar que não se trata de um teste simples. O resultado oficial fica disponível para o paciente pela internet, nos laboratórios em que este serviço é disponível e para o médico no sistema do hospital de atuação.
É necessário saber qual a diferença de cada pesquisa e aonde ela se aplica, evitando-se assim erros de diagnóstico e desperdício de dinheiro.
Quais os tipos de testes?
1) Pesquisa de RNA do Vírus RT PCR COVID-19.
2) Pesquisa de Antígeno COVID-19
3) Pesquisa de IgA COVID-19
4) Pesquisa de IgM/IgG COVID-19
Vamos entender um pouco, o que cada um destes testes informa:
1) Teste para Pesquisa de RNA do Vírus RT PCR COVID-19 (PADRÃO OURO)
Esta é a primeira entidade da doença, ou seja, o próprio vírus que se estabeleceu no corpo do paciente.
O teste consiste em detectar o RNA do vírus, o agente etiológico. Basta existir 5 cópias de vírus em 2 ml de material que o sistema detectará. Isso quer dizer que logo nos primeiros dias de infecção pode se detectar o agente (2 dias).
Seu paciente precisa apresentar algum sinal/sintoma?
Não, muitos pacientes têm o vírus em seu corpo mas não apresentarão nenhum sintoma. Mas a má notícia é que este mesmo paciente disseminará vírus entre todos os seus contatos.
Se seu paciente teve contato com um doente já identificado, ele e seus contatos próximos precisam realizar este exame, o mais rápido possível e serem isolados.
Este exame foi utilizado em massa na Coréia do Sul.,
2) Teste para Pesquisa de Antígeno COVID-19
Antígeno é toda substância que ao entrar em um organismo é capaz de se ligar a anticorpos ou a receptor de célula B e, geralmente, inicia uma resposta imune, ativando seus linfócitos que por sua vez se multiplicam e mandam sinais que ativam outras respostas imunes adequadas ao invasor.
Visto isso, este exame detecta também a partir da instalação do vírus no sistema, sua proteína e é extremamente útil na detecção precoce. Existem testes rápidos para isso, podem ser utilizados para triagem do paciente nas vias públicas e postos de atendimentos, porém não são tão eficientes quanto o PCR COVID-19 e o custo é similar. Mas seus resultados são em 10 minutos, possibilitando o isolamento rápido do paciente enquanto se confirma o diagnóstico via PCR COVID-19. Aconselho testar todos os contatos com PCR COVID-19.
3) Teste para Pesquisa de Anticorpos IgA COVID-19
Em teoria, os Anticorpos IgA específicos seriam os primeiros a ocorrer, dando status de precocidade ao teste, porém existem alguns estudos aonde ele tem sido formado na mesma época que IgM e IgG.
4) Teste para Pesquisa de Anticorpos IgG/IgM para COVID-19
O teste mais divulgado, talvez por existir versões na modalidade “Teste Rápido”. No entanto, há necessidade de cuidados na interpretação, de acordo com o momento do paciente.
Em teoria, ao usarmos este teste estaríamos detectando de forma precoce os indivíduos infectados… mas precisamos lembrar de alguns detalhes:
– Nem todo paciente formará anticorpos nos primeiros dias. Acarretando falso negativo.
– Nem todo exame IgM positivo é resultado de uma exposição recente, pois existe a IgM residual que pode permanecer por muitos meses. Não podemos falar que é um resultado falso positivo, pois a IgM Coronavírus esta la.. Mas não podemos interpretar como um paciente recém-infectado. Há necessidade de confirmação através do PCR.. Pois o objetivo não é isolar os IgM positivos e sim isolar os que têm CARGA VIRAL Positivas.
– Os testes baseados em detecção de anticorpos, podem apresentar resultados falsos positivos (reação cruzada com outra doença)
– Para se determinar a quanto tempo o indivíduo foi exposto ao vírus.. Será necessário outro teste.. O teste de AVIDEZ PARA IgG … que encarece o processo.
Conclusão:
- O teste IgA COVID-19 demonstra que possivelmente a infecção é ativa ou recente, vindo anteriormente à IgM COVID-19.
- Os testes IgG/IgM COVID-19 detectam presença de anticorpos, não necessariamente que aquele indivíduo seja um agente disseminador de vírus.
- O teste de IgG COVID-19 detecta anticorpos de defesa e indicam que paciente teve contato anterior com o vírus, mesmo sem sintomas e possivelmente está imune.
- O teste que abrange todas as etapas de Potencial Infeccioso em indivíduos apresentando sintomas (ou não) é o RT PCR COVID-19.
EXAMES LABORATORIAIS EM PACIENTES DOENTES COM COVID -19.
Alterações mais frequentes:
- Linfopenia (35–75% dos casos)
- Diminuição de hemoglobina (41–50% dos casos)
- Aumento de Proteína C reativa (75–93% dos casos)
- Aumento de Dímero D (36–43% dos casos)
- Diminuição de albumina sérica (50–98% dos casos)
- A contagem de leucócitos totais variou bastante entre os estudos, podendo estar aumentada ou diminuída.
- Alguns estudos também detectaram aumento da velocidade de hemossedimentação (15-85% dos casos).
- O aumento de TGO e TGP foi reportado em diversos artigos, variando entre 8-37% dos casos.
- Outro parâmetro frequentemente alterado foi a enzima DHL (ou LDH), chegando a estar alterada em 92% dos casos relatados em um dos artigos.
Exames laboratoriais prognósticos de gravidade:
- Um artigo, em particular, comparou vários parâmetros laboratoriais entre pacientes hospitalizados com ou sem doença grave.
- Pacientes que foram admitidos na UTI tiveram os seguintes resultados elevados em relação a quem não foi para a UTI:
- Número de leucócitos totais 1,5 vezes maior
- Número de neutrófilos 1,7 vezes maior
- Número de linfócitos 0,9 vezes menor
- Níveis de DHL 2,1 vezes maiores
- Níveis de TGP 1,5 vezes maiores
- Níveis de TGO 1,8 vezes maiores
- Níveis de troponina cardíaca 2,2 vezes maiores
- Dímero D 2,5 vezes maior
Em outro estudo, pacientes graves tiveram resultados de dímero D, proteína C reativa e procalcitonina mais elevados do que pacientes com doença leve.
Esses valores alterados poderiam ser utilizados significativamente para predizer a admissão na UTI.
Até o momento esses são os dados mais atuais, porém estudos com grupos de pacientes em diversos países e níveis de gravidade precisam ser publicados para um conhecimento mais consolidado sobre essas alterações encontradas na COVID-19.
Referências
Lippi G, Plebani M. Laboratory abnormalities in patients with COVID-2019 infection [published online ahead of print, 2020 Mar 3]. Clin Chem Lab Med. 2020
ANVISA, Sabin, Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, Newslab, Lúcio Lemos, Eco Lab