Podemos Frear o Envelhecimento?

Alguns pesquisadores acreditam que em breve serão capazes de retardar ou mesmo parar o relógio biológico, pelo menos por algum tempo.

A maioria dos norte-americanos mais velhos vivem seus últimos anos com pelo menos uma ou duas doenças crônicas, como a artrite, diabetes, doença cardíaca ou acidente vascular cerebral. Quanto mais tempo o relógio do seu corpo bater, mais condições incapacitantes você vai enfrentar!

Médicos e empresas farmacêuticas tradicionalmente tratam cada uma dessas doenças relacionadas ao envelhecimento conforme elas surgem. Mas um pequeno grupo de cientistas começou a defender uma abordagem nova e ousada. Eles acham que é possível parar ou até mesmo retroceder o cronômetro interno do corpo de modo que todas essas doenças chegarão mais tarde ou nem chegarão!

Estudos com pessoas centenárias sugerem que a façanha é possível. A maioria destes indivíduos vive tanto tempo, porque eles conseguem de alguma maneira evitar a maior parte das doenças que afligem outras pessoas na casa dos 70-80 anos, diz Nir Barzilai, diretor do Institute for Aging Research no Albert Einstein College of Medicine, New York. Tampouco a longevidade incomum de uma pessoa centenária resulta em um declínio no final da vida que dura mais do que para qualquer outra pessoa. Na verdade, Barzilai observa, que as pesquisas com centenas de “super velhinhos” sugerem exatamente o oposto. Para eles, a doença começa tipicamente mais tarde e chega perto do fim. “Eles vivem, vivem, vivem e então, um dia morrem”, diz ele.

Os pesquisadores já desenvolveram várias técnicas para aumentar o tempo de vida de leveduras, vermes, moscas, ratos e talvez, macacos. Adaptação das referidas medidas para as pessoas parece ser o próximo passo lógico. “Há um consenso emergente de que é hora de levar o que aprendemos com as pesquisas sobre envelhecimento e começar a traduzir isso em ajuda aos seres humanos”, diz Brian Kennedy, diretor executivo (CEO) e presidente do Buck Institute for Research on Aging, um grupo de pesquisa independente em Novato, Califórnia.

Retardar o processo de envelhecimento, mesmo por poucos anos, poderia oferecer enormes benefícios sociais como às populações de pessoas mais velhas ao redor do globo, que estão crescendo cada vez mais. A Agência de Recenseamento dos EUA estima que um em cada cinco americanos terá mais de 65 anos em 2030, sendo que em 2014 era um em cada sete. Em 2013, estima-se que 44 milhões de pessoas em todo o mundo sofriam de demência. Esse número deverá saltar para cerca de 76 milhões em 2030 e 135 milhões em 2050, sem pessoas mais jovens suficientes para serem capazes de cuidar deles…

Entre as diversas abordagens que os pesquisadores estão estudando, três se destacam. Ainda não está claro: se os potenciais benefícios superam os riscos dos tratamentos.

Evidência

1 -GDF11
Claro que, para determinar conclusivamente se um tratamento funciona, os investigadores necessitam de uma definição de envelhecimento e uma maneira de medir o processo. Eles não têm nenhuma. Se uma célula do rim se dividiu ontem, ela tem um dia de idade ou é tão velha quanto a pessoa na qual ela vive? Ainda assim, as pesquisas na década ofereceram várias dicas de que os aspectos prejudiciais do envelhecimento, da maneira que você os defina, podem ser retardados.

Em um estudo de 2005, Thomas Rando, diretor do Paul F. Glenn Center for the Biology of Aging, na Stanford University, mostrou que um camundongo idoso cuja circulação do sangue foi cirurgicamente ligada à de um rato jovem, recuperou seus poderes cicatrizantes juvenis. De alguma forma, as células-tronco do roedor mais velho, que são responsáveis pela substituição de células danificadas, tornaram-se mais eficazes em dar origem a um novo tecido. A bióloga Amy Wagers da Harvard University encontrou uma proteína no sangue, denominada GDF11, que pode ter contribuído para a cicatrização mais rápida. Seus experimentos, publicados na Science em 2014, encontrou mais da proteína em ratos mais jovens do que nos mais velhos; quando injetado nos ratos mais velhos, a GDF11 pareceu restaurar os músculos à sua estrutura e força juvenil. Um novo estudo, publicado na Cell Metabolism, no entanto, sugere que a GDF11 aumenta com a idade (e pode até inibir a restauração muscular) e que algum outro fator deve fazer as células mais jovens.

2- MEDICAMENTOS

A segunda abordagem consiste em examinar cerca de 20 medicamentos atualmente existentes e suplementos nutricionais a um nível de detalhe que nunca antes foi possível, para ver se eles podem realmente afetar o processo de envelhecimento.

Metformina

Normalmente usada no tratamento de diabetes tipo II, a metformina pode, segundo estudo realizado em 2013 e publicado no periódico científico Aging Cell, reduzir a produção de citocinas inflamatórias e, assim, desacelerar o envelhecimento celular e inibir o crescimento de certos tipos de tumor. “Células normalmente secretam essas citocinas como resposta a infecções, mas a produção crônica dessas mesmas citocinas pode também causar o envelhecimento celular”, explica o pesquisador Gerardo Ferbeyre, da Universidade de Montreal (Canadá). Com o passar dos anos, as células do corpo se tornam mais propensas a produzir citocinas inflamatórias em excesso, o que, além de acelerar seu envelhecimento, pode contribuir para o crescimento de câncer de próstata e de outros tipos.

No estudo, Ferbeyre e sua equipe perceberam que a metformina é capaz de diminuir o problema no nível celular. “Os genes que regulam a produção de citocinas continuam normais, mas uma proteína que normalmente os ativa, chamada NF-κB, não consegue alcançá-los no núcleo de células tratadas com metformina”, explica. Tomados em conjunto, estes resultados proporcionam um novo mecanismo para os efeitos antienvelhecimento e antineoplásticos da metformina relatada em modelos animais e em doentes diabéticos que tomam esta droga.

Pesquisadores da Universidade de Cardiff, no País de Gales e seus colegas relataram em estudo de 2014 que os pacientes com diabetes tipo 2 que tomaram a droga metformina viviam, em média, 15 por cento mais do que um grupo de pessoas saudáveis que não sofrem com o distúrbio metabólico, mas foram semelhantes em quase todos os outros aspectos. Os cientistas acreditam que a metformina interfere outro mecanismo do processo de envelhecimento normal, denominado glicação, no qual a glicose se liga às proteínas e outras moléculas importantes, alterando o seu funcionamento normal. O achado da metformina é particularmente notável porque as pessoas que têm diabetes, mesmo que seja bem controlada, normalmente têm a vida um pouco mais curta do que suas contrapartes saudáveis.

Everolimus

Enquanto isso, em um estudo com 218 adultos publicados no ano passado na Science Translational Medicine, pesquisadores da empresa farmacêutica Novartis mostraram que um composto chamado everolimus, que é quimicamente semelhante à rapamicina (um medicamento usado para prevenir a rejeição em transplantes de rim), melhorou a eficácia da vacina contra a gripe em pessoas com mais de 65 anos.

Conforme as pessoas envelhecem, seus sistemas imunológicos não mais terão uma resposta forte dos anticorpos para o vírus inativado na vacina, como já fizeram quando mais jovens; assim, as pessoas mais velhas são mais propensas a ficarem doentes se encontrarem mais tarde um vírus da gripe ativo. Os testes mostraram que os pacientes do estudo que receberam everolimus tiveram uma concentração mais elevada de anticorpos de combate aos germes no sangue do que os pacientes tratados com placebo. Os pesquisadores interpretaram este achado como um sinal de que a droga tinha rejuvenescido os sistemas imunológicos dos indivíduos.

Tal como acontece com qualquer medicamento, os efeitos colaterais foram um problema. Os membros do grupo tratado foram mais propensos a desenvolver úlceras na boca, o que pode limitar a utilidade generalizada da medicação para o tratamento de envelhecimento. O custo pode ser outro fator; o everolimus, que foi aprovado pela agência Americana FDA (Food and Drug Administration) por suas propriedades de combate ao câncer, custa mais de US $ 7.000 por mês em doses adequadas para o combate ao câncer. Ainda não se sabe: quanto custaria o everolimus e quanto tempo seria necessário, se usado como uma droga antienvelhecimento.

No entanto, os resultados suportam a ideia de que o envelhecimento pode ser retardado. Com efeito, o everolimus e outras drogas do tipo da rapamicina demonstraram poder estender drasticamente o tempo de vida dos camundongos, prevenindo doenças tais como o câncer e reverter as alterações do sangue, fígado, metabolismo e do sistema imunitário, relacionadas com a idade.

Resveratrol

Evidências laboratoriais têm demonstrado que o resveratrol (RSV) atua não só contra o envelhecimento cutâneo como também contra o envelhecimento biológico de vários órgãos e sistemas, nomeadamente do sistema cardiovascular, esquelético, neurológico, aumentando ainda a esperança de vida de vários organismos como em leveduras e peixes.

O processo de envelhecimento está, em parte, relacionado com o estilo de vida adquirido e prevenção de doenças. Porém, apenas hoje em dia, se começa a estudar profundamente o papel de genes específicos no prolongamento da longevidade. Os polifenóis, como o RSV, exercem uma diversidade de benefícios para a saúde através da ativação de múltiplas vias intracelulares, muitas das quais são as mesmas que as ativadas pela restrição calórica, muito conhecida por reforçar a saúde e aumentar a esperança de vida. A capacidade que o RSV possui em mimetizar os efeitos da restrição calórica, no que respeita ao aumento da esperança de vida, foi primeiramente observada por David Sinclair e seus trabalhadores em Saccharomyces cerevesiae. Nas patologias neurodegenerativas, o processo patológico subjacente é semelhante e está ligado a vias importantes do processo de envelhecimento. Não é, portanto, surpreende que o RSV exiba características neuroprotetoras através das suas propriedades antimielogênicas, anti-inflamatórias e antioxidantes.

No âmbito da proteção cardiovascular, a molécula de RSV demonstra possuir propriedades bastante promissoras que contribuem para diminuição do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Estudos recentes revelam que, em ratos, é capaz de produzir efeitos cardioprotetores através da atenuação da produção de ERO, melhorando a função endotelial, da inibição de processos inflamatórios e da diminuição da taxa de apoptose endotelial. Além do mais o RSV atua sob os mecanismos de agregação plaquetária, possui atividade antioxidante, propriedades vasodilatadoras e efeitos benéficos sob os níveis de colesterol e triglicerídeos. Além de todas estas propriedades, o resveratrol é ainda uma molécula com propriedades anticancerígenas, antiangiogênicas, antibacterianas, antifúngicas e antivirais.

Uma pesquisa recente sugere que pode ser possível inverter decaimento mitocondrial com suplementos dietéticos que aumentam os níveis celulares de uma molécula chamada NAD (Nicotinamida-Adenina-Dinucleotídeo). NAD é um pilar do metabolismo energético, entre outras funções, e o seu nível diminuir com a idade tem sido implicado na deterioração mitocondrial. Suplementos contendo ribosídeo de nicotinamida, ou NR, um precursor do NAD que é encontrado em pequenas quantidades no leite, pode ser capaz de aumentar os níveis de NAD. O Dr. David Sinclair e seus colegas da Universidade de Harvard relataram que as mitocôndrias nos músculos de camundongos idosos foram restauradas para um estado jovem depois de apenas uma semana de injeções com NMN (Nicotinamida Mononucleotídeo), uma molécula que ocorre naturalmente nas células e como NR, aumenta os níveis de NAD. A Coenzima NAD mantém a atividade dos sirtuínas, incluindo a SIRT1- quanto mais NAD existe nas células, mais a SIRT1 faz coisas benéficas. Uma dessas coisas é induzir a formação de novas mitocôndrias. NAD também pode ativar uma outra sirtuína, a SIRT3, responsável por manter as mitocôndrias funcionando sem problemas. Acredita-se que o resveratrol acelere a SIRT1, que aparentemente ajuda a proteger os ratos testados. Uma série de outros benefícios para a saúde têm sido atribuídas à ativação SIRT1 em centenas de estudos, incluindo vários pequenos testes em humanos.

Pterostilbene

Estudos realizados na última década têm implicado o resveratrol e pterostilbene, um derivado do resveratrol, na proteção contra doenças relacionadas à idade, incluindo a doença de Alzheimer (DA). Um estudo realizado por pesquisadores do a de Neurociências da Case Western Reserve University, em Cleveland, EUA comparou a eficácia da suplementação dietética de resveratrol e de pterostilbene na melhora dos déficits funcionais e Doença de Alzheimer (DA) no rato SAMP8, um modelo de envelhecimento acelerado que está cada vez mais sendo validado como um modelo de DA esporádica e relacionada com a idade. Tomados em conjunto os resultados obtidos indicaram que, em doses equivalentes, o pterostilbene é um modulador mais potente da cognição e estresse celular do que o resveratrol, de acordo com o Dr. Casadesus pesquisador líder do grupo de Cleveland.

Astragalus membranaceus

O Astragalus, também conhecido como ervilhaca de leite, radix astrágalos, chifre de cabra, dragão verde, astrágalo, é uma erva que auxilia o metabolismo humano contra as agressões, física, mental ou emocional. A medicina chinesa recomenda esta erva há mais de 2.000 anos, para auxiliar o organismo humano a resistir a doenças, desde o câncer até doenças cardiovasculares, renais e hepática. Em estudo realizado em 2009 por Wang e colaboradores de Universidades de Beijing na China, avaliou os efeitos de dois compostos, extraídos de Astragalus membranaceus, sobre a taxa de encurtamento dos telômeros e capacidade de reparo de DNA em fibroblastos humanos.

Eles verificaram que as taxas de encurtamento dos telômeros nas células cultivadas com HDTIC-1 ou HDTIC-2 foram muito menores do que a das células de controle. Também descobriram que os fibroblastos pré-tratados com HDTIC-1 ou HDTIC-2 tiveram uma redução significativa nos danos ao DNA após a exposição a 200 micromoles de água oxigenada (H2O2), durante 5 min. Além disso, os danos induzidos por 100 micromoles de H2O2 no DNA foram significativamente reparados após as células danificadas serem cultivadas continuamente com HDTIC durante 1 h. Estes resultados sugerem que os compostos HDTIC abrandam a taxa de encurtamento dos telômeros de fibroblastos de pulmão humano, o que é principalmente devido às propriedades biológicas dos compostos, incluindo a redução de danos no DNA e à melhoria na sua capacidade de reparação.

Além disso, a desaceleração da taxa de encurtamento dos telômeros, a redução de danos no DNA, bem como a melhoria da capacidade de reparo do DNA induzida por HDTIC podem ser responsáveis por seu atraso no envelhecimento replicativo.

Rapamicina

Cientistas acreditam que um agente antifúngico, a rapamicina, possa ter propriedades que estendam a vida. A droga é utilizada atualmente para ajudar como forma de suprimir a imunidade para evitar a rejeição de órgãos em pacientes transplantados. Pesquisadores dos Estados Unidos testaram a droga em ratos de laboratório mais velhos, e houve aumento na expectativa de vida dos machos em 28% e das fêmeas em 38%. O diretor do Instituto Barshop para Estudos de Longevidade e Envelhecimento, no Texas, Dr. Alan Richardson, comenta que em 35 anos estudando o envelhecimento, nunca havia tido um teste tão bem-sucedido. “Eu nunca pensei que iria encontrar uma pílula antienvelhecimento para as pessoas na minha vida. No entanto, a rapamicina mostra uma grande promessa científica”, acrescenta.

A rapamicina foi dada aos ratos da pesquisa quando eles tinham 20 meses de vida – que equivale a 60 anos. O componente bloqueia a atividade de uma enzima chamada TOR que regula o metabolismo da célula. O professor Randy Strong, um dos pesquisadores da Universidade do Texas, disse: “Nós acreditamos que esta é a primeira evidência convincente de que o processo de envelhecimento pode ser retardado e a vida útil pode ser prorrogada por uma droga sendo administrada já em uma idade avançada”.

Já a Dra. Lynne Cox, especialista em envelhecimento da Universidade de Oxford, afirma: “Este é um estudo muito estimulante onde uma única droga aumentou a longevidade dos camundongos. É particularmente interessante que a droga foi eficaz quando administrada a ratos mais velhos, o equivalente a 60 anos de idade humanos. Isso leva a pensar que seria muito melhor para o tratamento de envelhecimento em pessoas mais velhas, e não usar drogas ao longo da vida toda”. E finaliza: “De forma alguma alguém deveria pensar em usar esta droga para tentar prolongar sua própria vida, pois a rapamicina suprime a imunidade. Embora em laboratório, os camundongos tenham sido protegidos da infecção, isso ainda é simplesmente impossível na população humana”.

3- RESTRIÇÃO CALÓRICA/ JEJUM INTERMITENTE

Uma terceira abordagem, completamente diferente envolve dieta. Restringir o consumo de calorias foi há muito tempo demonstrado que ajuda os camundongos a viverem mais tempo. Se limitar a ingestão de alimentos (sem causar desnutrição) pode beneficiar os seres humanos também não é tão claro. Por um lado, muito poucas pessoas podem ou querem manter tais dietas de baixa caloria pelas décadas necessárias para provar definitivamente que esta abordagem funciona. Mas pode acontecer que tais medidas drásticas sejam desnecessárias. Valter Longo, diretor do Longevity Institute at the University of Southern California, mostrou que ele pode estender o tempo de vida de camundongos simplesmente limitando sua comida em dias alternados ou ao reduzir a quantidade de proteína que consomem. Tal jejum intermitente pode vir a ser mais palatável para as pessoas, embora seus benefícios permaneçam sem comprovação. O jejum exerce efeitos benéficos sobre a saúde, minimizando o risco de desenvolver doenças relacionadas à idade, incluindo hipertensão, neurodegeneração, câncer e doenças cardiovasculares. A repercussão mais eficaz e a rápida do jejum é a redução da hipertensão. Duas semanas de jejum a base apenas de água resultou em uma pressão arterial abaixo de 120/80 MmHg em 82% dos indivíduos com hipertensão limítrofe. Dez dias de jejum curou todos os pacientes hipertensos que estavam tomando medicações anti-hipertensivas.

Advertências
A vida mais longa pode vir com escolhas. Rejuvenescer as células velhas significa que elas vão começar a se dividir novamente. Divisão celular controlada é igual juventude; divisão descontrolada das células é igual a câncer. Mas no momento, os cientistas não têm certeza se eles podem fazer um sem o outro.

Calcular o momento certo para o tratamento também é complicado. Se o objetivo é prevenir as várias doenças do envelhecimento, você começa sua terapia antienvelhecimento quando a primeira doença surgir ou antes dela? “Uma vez que você está quebrado, é realmente difícil colocá-lo junto de volta. Seria mais fácil, manter as pessoas saudáveis”, diz Kennedy. Então, provavelmente faz mais sentido começar o tratamento anos mais cedo, durante uma saudável meia-idade. Mas a pesquisa necessária para comprovar essa suposição levaria décadas.

Se várias doenças podem ser “dribladas”, a próxima pergunta óbvia é por quanto tempo. James Kirkland, diretor do Robert and Arlene Kogod Center on Aging, da Mayos´s Clinic em Rochester, Minnesotta, diz que vai demorar pelo menos mais 20 anos de estudo para responder a essa pergunta. Os cientistas têm aumentado com êxito a extensão de vida de vermes oito vezes e acrescentaram um ano de vida para ratos de laboratório de três anos de idade. Será que estes avanços vão se traduzir em uma pessoa de 80 anos de idade vivendo cinco ou seis séculos ou mesmo 30 anos extras? Ou será que eles terão apenas mais um ano? A extensão da vida nas pessoas será provavelmente mais modesta do que em leveduras, vermes, moscas e ratos, diz Rando. Pesquisas anteriores sugeriram que as criaturas de ordens inferiores se beneficiam mais dos esforços de longevidade – com leveduras, por exemplo, obtendo um maior benefício em experimentos com restrição calórica do que os mamíferos. “Quanto mais perto você chega dos seres humanos, menor o efeito” na expectativa de vida, diz ele. E que magnitude de benefício alguém precisa para justificar o engajamento em tal tratamento? “Você toma uma droga toda a sua vida na esperança de viver 4 ou 7 por cento a mais de tempo?” Rando pergunta.

O que fazem os investigadores do antienvelhecimento para tentar retardar o seu próprio envelhecimento?

Da meia dúzia de cientistas entrevistados para este artigo todos disseram que eles fazem esforços combinados para estender a sua própria vida. Um era grato pelo diagnóstico de pré-diabetes, o que significou uma receita legítima para a metformina.

Todos os especialistas dizem que tentam viver uma vida saudável apesar de suportar empregos de alta pressão. Eles tentam chegar perto de oito horas de sono, comer quantidades moderadas de alimentos nutritivos e fazer um monte de exercícios. Nenhum deles fuma. A maioria dos americanos, infelizmente, não seguem esses hábitos saudáveis. A maior ironia seria descobrir que a pílula não é, no final, mais eficaz do que os hábitos saudáveis que já ignoram.

Outras abordagens modernas da questão do envelhecimento

Reposição de androgênios suprarrenais

A reposição de androgênios suprarrenais é uma opção em pacientes com falta de energia, apesar da reposição otimizada de glicocorticoides e mineralocorticoides. Também pode ser indicada em mulheres com manifestações de deficiência de androgênio, incluindo a perda da libido. A reposição de androgênios suprarrenais pode ser efetuada pela administração diária de 25 a 50 mg de DHEA. O tratamento é monitorizado pela determinação do DHEAS, da androstenediona, da testosterona e globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG) dentro de 24 horas após a última dose de DHEA.

Disfunção mitocondrial

O envelhecimento caracteriza-se por alterações mitocondriais na produção de ATP e de radicais livres derivados de oxigênio. Isso leva a um ciclo vicioso mediado pela acumulação de lesões oxidativas às proteínas mitocondriais e ao DNA. Com a idade, o número de mitocôndrias nas células diminui, e há um aumento no seu tamanho (megamitocôndria) associado com outras alterações estruturais, incluindo vacuolização e ruptura da crista. Estas alterações morfológicas do envelhecimento são ligadas à diminuição da atividade dos complexos mitocondriais I, II e IV e diminuição da produção de ATP. De todos os complexos envolvidos na produção de ATP, a atividade do complexo IV (COX) geralmente é relatada como a mais comprometida na idade avançada. A redução da produção de energia está ligada com a geração de peróxido de hidrogênio e radicais superóxido levando à lesão oxidativa do DNA mitocondrial e à acumulação de proteínas mitocondriais carboniladas e lipoperóxidos mitocondriais. Além de estarem implicados no processo de envelhecimento, as síndromes geriátricas comuns, incluindo sarcopenia, fragilidade e comprometimento cognitivo são associada à disfunção mitocondrial.

Inflamenvelhecimento e imunossenescência

A idade avançada está associada com aumento dos níveis de marcadores de inflamação, incluindo medidas sanguíneas da proteína C-reativa (PCR), velocidade de hemossedimentação (VHS) e citocinas tais como interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral α (TNF-α). Isto foi denominado de inflamenvelhecimento. As células T (particularmente Células T primitivas) são menos numerosas devido à atrofia do timo relacionada à idade, enquanto que as células B produzem autoanticorpos em excesso, levando à aumento de doenças autoimunes e gamopatias relacionadas à idade. Assim, pessoas idosas são geralmente consideradas imunocomprometidas e com respostas reduzidas à infecção (febre, leucocitose) com mortalidade aumentada.

Desequilíbrio hormonal múltiplo

Analisados em um mesmo momento, níveis de testosterona, desidroepiandrosterona (DHEA) e fator de crescimento semelhante à insulina  (IGF-1) não predizem mortalidade, mas em combinação são altamente prognósticos de longevidade. Este efeito de combinação é especialmente forte no caso de insuficiência cardíaca congestiva. Da mesma forma, diversos micronutrientes, como vitaminas (especialmente vitamina D), minerais (selênio e magnésio), e antioxidantes (vitaminas D e E), também regulam aspectos do metabolismo. Níveis baixos desses micronutrientes têm sido associados ao envelhecimento acelerado e ao alto risco de situações adversas.

Sistema Endócrino

As alterações hormonais com o envelhecimento têm sido foco de pesquisa sobre senescência por mais de um século, em parte devido à crença errônea que a suplementação com hormônios sexuais retarda o envelhecimento e rejuvenesce os idosos. Há reduções relacionadas com a idade nos esteroides sexuais secundário ao hipogonadismo e, em mulheres, à menopausa. Os declínios relacionados a idade no hormônio do crescimento e na desidroepiandrosterona (DHEA) são bem estabelecidos, assim como o aumento dos níveis de insulina e a resistência à insulina associada. Estas alterações hormonais contribuem para algumas características do envelhecimento, como a sarcopenia e a osteoporose, que podem ser retardadas pela suplementação hormonal.

A base deste artigo foi originalmente publicado com o título “Can We Stop Aging?.”

Tradução e redação: Dr. Mauricio Aurelio Gomes Heleno

Pesquisa e edição: Dr. Roberto Franco do Amaral Neto

REFERÊNCIAS

Researchers Study 3 Promising Anti-Aging Therapies.

http://www.scientificamerican.com/article/researchers-study-3-promising-anti-aging-therapies/

O Resveratrol como molécula anti-envelhecimento.

http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/6183/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Final.pdf?sequence=1

Metformin inhibits the senescence-associated secretory phenotype by interfering with IKK/NF-κB activation.

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/acel.12075/epdf

O que você precisa saber sobre telômeros e envelhecimento.

 

Descoberta a ‘fonte da juventude’

http://hypescience.com/18264-descoberto-o-elixir-da-vida/

Beyond Resveratrol: The Anti-Aging NAD Fad

http://blogs.scientificamerican.com/guest-blog/beyond-resveratrol-the-anti-aging-nad-fad/

Low-dose pterostilbene, but not resveratrol, is a potent neuromodulator in aging and Alzheimer’s disease.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21982274

Princípios de Medicina Interna – Harrison’s. 19a. Edição. Editora McGraw-Hill education, 2015.

https://www.filecad.com/Tkg/Harrisons-Principles-of-Internal-Medicine,-19th-Edition.pdf?pt=HoEU7WeahweAKmbElC%2FKPNkLpu%2BTYSKhmMhnif1dGdk%3D

 

Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

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