Aspectos atuais sobre Síndrome da Fadiga Crônica

Estudos destacaram o envolvimento de alterações inflamatórias, metabólicas e imunológicas na patogênese da SFC.

A presença de altos níveis de citocinas pró-inflamatórias foi identificada como uma característica importante da doença, possivelmente explicando manifestações clínicas como fadiga crônica e sintomas semelhantes aos da gripe.

Além disso, a disfunção mitocondrial foi associada à gravidade dos sintomas da SFC, indicando participação na fisiopatologia da doença. [4]

Estudos também exploraram a função do estresse oxidativo na fisiopatologia da SFC, sugerindo uma possível ligação entre o estresse oxidativo e o quadro.

O envolvimento do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e do sistema nervoso autônomo em resposta ao estresse crônico também foram apontados como possíveis mecanismos que contribuem para o surgimento e a exacerbação dos sintomas da SFC. [5]

SÍNDROME DA FADIGA CRÔNICA E COVID

Os pacientes que se recuperaram da covid-19 podem desenvolver sequelas pós-agudas da infecção por SARS-CoV-2 (SPAC), comumente conhecida como covid longa, que compartilha semelhanças com a SFC.

Pesquisas indicam que os indivíduos que sobreviveram à covid-19 aguda podem enfrentar efeitos de longo prazo semelhantes aos da SFC, como fadiga persistente, mialgia, sintomas depressivos e sono não restaurador. [6]

A transição da covid-19 aguda para a SFC pode envolver vários fatores, inclusive alterações orgânicas específicas do vírus, anormalidades imunológicas, danos inflamatórios e consequências de doenças pós cuidados intensivos.

Pacientes com sequelas pós-agudas da infecção por SARS-CoV-2 apresentaram inflamação persistente do sistema nervoso central, principalmente em áreas como o tálamo e o mesencéfalo, o que poderia contribuir para sintomas crônicos como a fadiga. [7]

Além disso, a presença de autoanticorpos funcionais contra receptores acoplados à proteína G em pacientes com sintomas persistentes de covid-19 longa sugere envolvimento autoimune, um mecanismo também proposto na fisiopatologia da SFC. [8]

 A sobreposição de sintomas e possíveis mecanismos biológicos entre a covid-19 longa e a SFC destaca a complexidade das síndromes pós-virais, enfatizando a necessidade de mais pesquisas para entender as causas e desenvolver estratégias de gerenciamento eficazes para indivíduos que apresentam fadiga persistente e outros sintomas debilitantes após a recuperação da covid-19.

Saiba mais sobre a associação da covid-19 e a SFC.

QUADRO CLÍNICO DA FADIGA CRÔNICA

As características clínicas comumente observadas em pacientes com SFC que são usadas como critérios para distinguir a SFC de outras condições médicas incluem:

1. Fadiga inexplicável: A fadiga persistente e inexplicável que dura pelo menos 6 meses é uma característica fundamental da SFC. [9]

2. Mal-estar pós-exercício: Os indivíduos com SFC geralmente apresentam uma piora dos sintomas após o esforço físico ou mental, conhecida como mal-estar pós-esforço. [10]

3. Distúrbios do sono: O sono não reparador e as interrupções nos padrões de sono são predominantes em indivíduos com SFC. [11]

4. Prejuízos cognitivos: Queixas cognitivas, como dificuldades de memória, concentração e função cognitiva, são frequentemente relatadas por pacientes com SFC. [12]

Essas características clínicas contribuem coletivamente para os critérios de diagnóstico da SFC e ajudam a distingui-la de outras condições médicas. A compreensão e o reconhecimento desses sintomas característicos são cruciais para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado de indivíduos com SFC.

Saiba mais sobre o quadro clínico da SFC.

TRATAMENTO

As abordagens terapêuticas para o tratamento da SFC envolvem uma estratégia abrangente e individualizada para controlar os diversos sintomas associados à doença.

A terapia cognitivo-comportamental foi reconhecida como uma intervenção eficaz na SFC, ajudando os pacientes a controlar os sintomas, lidar com o estresse e melhorar seu bem-estar geral.

A terapia com exercícios, adaptada às capacidades individuais, demonstrou benefícios no controle da fadiga e na melhora da função física em indivíduos com SFC. [13]

Intervenções farmacológicas direcionadas a sintomas específicos, como distúrbios do sono, dor e transtornos do humor, podem ser prescritas para aliviar os sintomas associados à SFC. [14] 

Além disso, intervenções nutricionais, como modificações na dieta e uso de suplementos específicos, têm sido exploradas por seus possíveis efeitos terapêuticos no controle dos sintomas da SFC.

Intervenções mente-corpo, com técnicas de relaxamento e redução do estresse com base na atenção plena também podem ajudar a melhorar o bem-estar geral dos pacientes. [15]

De modo geral, uma abordagem multidisciplinar que combine várias modalidades terapêuticas é essencial no tratamento da SFC.

Os pacientes com SFC geralmente sofrem um impacto significativo na sua qualidade de vida.

A fadiga persistente e inexplicável, assim como outros sintomas, como deficiências cognitivas, distúrbios do sono, dor e transtornos do humor, podem afetar gravemente vários aspectos da vida diária.

Estudos demonstraram que os indivíduos com SFC podem enfrentar desafios no funcionamento físico, nas interações sociais e no bem-estar emocional, levando a uma qualidade de vida geral profundamente reduzida. A fadiga crônica leva a limitações físicas, diminuição da produtividade e desafios na realização de atividades diárias. Além disso, a disfunção cognitiva e os distúrbios de humor associados à doença podem afetar as relações sociais, o desempenho no trabalho e o bem-estar mental geral dos pacientes, de seus familiares e pessoas próximas a eles. [16]


Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

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